Samara Felippo chegou antes do horário combinadoao salão Werner Maison Ipanema, no Rio. Ansiosa para seu processo de transformação, a atriz escolheu um macaquinho verde bem estilo carioca – e fazendo jus ao calor de mais de 30 graus nas ruas - para assumir de vez seus fios grisalhos com a linha Inoa, da L'Oréal Professionnel. “Durante a quarentena fui me olhando no espelho e tentando entender que raiz é essa que está nascendo e o que ela diz para as pessoas que estão me vendo nas redes sociais. E isso despertou muitas reações nas mulheres”, contou a atriz à Vogue.

Os posts de Samara sobre seus novos fios brancos desde o início da pandemia renderam tanto mensagens de agradecimento de mulheres de todas as idades que passaram a aceitar melhor sua grisalhice como reações de ódio com dizeres do tipo: “pinta logo seu cabelo” e “seu namorado vai te largar assim”. 

“A grande intenção, além de autoaceitação e autoamor pelos anos de vida que eu tenho, é tentar quebrar o mito de que o cabelo grisalho é feio e sinal de desleixo. Ele pode sim ser um cabelo moderno de uma mulher de 30 ou 35 anos”, afirma. Samara ainda lembra que é preciso parar de depreciar o envelhecimento, principalmente o das mulheres. “A gente tem o direito de envelhecer naturalmente e em paz. Por que que um cara grisalho é charmoso e uma mulher grisalha é desleixada?”, questiona. A não naturalização dos cabelos naturais, para ela, é uma construção histórica fruto do machismo, que coloca a mulher dentro de uma caixinha em que precisa estar sempre com cabelo pintado, depilada e magra.

O processo de autoaceitação de Samara começou após sua filha mais velha, Alícia, ter pedido para alisar os fios quando tinha apenas sete anos. “Ela não tinha nenhuma amiga com cabelo como o dela. Comecei então uma busca incessante sobre representatividade e a mostrar para a Alícia mulheres negras maravilhosas, iguais a ela. Por isso também veio a naturalização dos meus fios brancos. Era uma forma de dizer: ‘Olha, filha, também estou aceitando meu cabelo natural’. Embora não sejam as mesmas bandeiras, a gente está falando sobre pertencimento”, resume Samara.



Fonte: Vogue


Deixe seu Comentário