O ano de 2021 começou trazendo um assunto muito difícil à tona no mundo das celebridades: a violência doméstica contra as mulheres. Além de Pétala Barreiros, Maria Eduarda Reis Barreiros, mais conhecida como Duda Reis, expôs publicamente, no dia 12 de janeiro, as supostas agressões e abusos que sofria de seu ex-noivo, Leno Maycon Viana Gomes, famoso como Nego do Borel, que nega as acusações.

Tudo começou após o vazamento de um áudio da youtuber Lisandra Barcelos relatando um envolvimento sexual com o funkeiro enquanto ele namorava com Duda. Foi então que a modelo decidiu expor publicamente tudo o que enfrentou durante o seu relacionamento de três anos com o artista, que acabou no dia 23 de dezembro de 2020.

No dia 12 de janeiro deste ano, a atriz contou detalhes sobre a relação do casal que, segundo ela, era baseada em chantagens, traições e agressões. "Passei muita coisa que vou poder testemunhar e usar de incentivo para vocês. Chantagens emocionais, verbais, medo pela minha vida e decidi botar a boca no trombone. Não dá pra ficar passando pano pra macho assim, porque a próxima namorada será a próxima vítima e ponto final", relatou Duda.

Comovida com todas as declarações da jovem de 19 anos nas redes sociais, a advogada Gizelly Bicalho contou ao R7 que procurou a atriz para ajudá-la emocionalmente e juridicamente no que precisasse. "Quando eu vi aquela menina relatando tudo o que ela passou eu falei: 'Cara eu preciso ajudar'. Eu sou advogada, tenho capacidade e conhecimento para isso e decidi ajudar a Duda", disse. "Eu já tinha passado por isso também, em casa com a minha mãe, porque meu pai batia nela e eu vivi um relacionamento abusivo. Por isso, eu quis tanto ajudar", completou.

A criminalista relatou ainda que entrou em contato com a sua parceira de trabalho, a advogada Izabella Borges, para assumirem o caso. "Quando eu liguei para Duda, ela disse que ia na delegacia naquele dia sozinha, só com um amigo. Eu falei que não tinha a menor condição dela ir à nenhum lugar sozinha, quanto mais a uma delegacia", contou. "Na mesma hora, eu liguei para Izabella, que é minha parceira, e perguntei se ela topava tocar o caso da Duda comigo. Ela aceitou e acompanhou a Duda na delegacia", declarou.

Por isso, a jurista aconselhou. "Mulheres do Brasil, não vão sozinha à uma delegacia. Você é vítima, está completamente abalada e vulnerável. Delegacia é um ambiente que é muito pesado, às vezes, você vê gente sendo preso, armas e fica acuada. Para as pessoas que trabalham em delegacia, você é apenas mais um caso e, para eles, a sua situação é algo normal. Então, o policial vai te fazer perguntas, pedir para você falar sobre aquilo e a vítima, muitas vezes, está fragilizada, confusa e insegura. Então, a presença de um advogado ou advogada é essencial", explicou.

Exposições públicas

Questionada sobre a escolha da atriz de tornar o assunto público, Gizelly disse não acreditar que isso possa atrapalhá-la na Justiça. Na verdade, a jurista avalia que as falas de sua cliente "foram como uma libertação". "Eu, como amiga dela, vejo que isso tudo foi como uma libertação para ela. Antes, você olhava os vídeos da Duda e percebia que ela tinha um olhar morto. Hoje, você percebe que ela está com vida e o quanto isso foi ótimo para ela.

E refletiu: "Eu não posso julgar se isso é certo ou errado [expor os casos publicamente], porque quando você está desesperado, você só quer pedir socorro. E mesmo sabendo que a internet é uma potência, você precisa fazer aquilo. Pelo o que eu vi, a Pétala [Barreiros] pediu socorro  por tudo o que estava acontecendo e ela não sabia mais o que fazer e a Duda também".

Para a advogada, o testemunho da influenciadora pode encorajar outras mulheres famosas e anônimas a fazerem o mesmo. "Eu vejo esse processo de fala como um processo de autoconhecimento, porque você consegue entender o que você estava passando e empoderar outras mulheres. Hoje, a Duda me fala: 'Gi, esse é o meu propósito. Eu quero ajudar outras mulheres a saírem dessa'.", contou a criminalista, que sempre levantou essa bandeira em suas redes sociais.

Medo dos julgamentos

Gizelly descreveu ainda que culpa e vergonha são os sentimentos que mais ocupam as cabeças das mulheres vítimas de violência doméstica e esse também foi o caso de Duda. "No primeiro contato que eu tive com a Duda, a primeira coisa que ela me falou foi que estava se sentindo culpada por tudo o que viveu. Eu disse para ela que culpa e vergonha são dois sentimentos que as mulheres que sofrem violência doméstica têm muito. Elas têm vergonha de falar para os amigos, para a família, porque não querem ouvir eles falando: 'Eu te avisei' ou 'Eu já tinha percebido'. Na maioria dos casos, a mulher já está afastada de todos porque o companheiro é abusivo e corta essas relações e ela se sente culpada por ter deixado a coisa chegar a esse ponto."

Segundo a advogada, até ela foi alvo de críticas por defender os interesses da modelo contra Nego do Borel na Justiça. "Eu recebi muitas críticas por ter pego o caso da Duda de gente falando que eu queria aparecer. A minha resposta é que eu já fazia isso muito antes. Eu sou advogada, já atuei em vários casos envolvendo mulheres como pro bono, inclusive já contei isso várias vezes publicamente. Quem me conhece e me segue sabe da minha índole, do meu caráter, do meu coração e eu já fiz isso por muitas mulheres que não aparecia em lugar nenhum porque essa sou eu e eu gosto de ajudar", disse.

Por esses julgamentos, Gizelly endossou a importância de familiares, amigos e pessoas próximas. Uma das amigas que ajudou Duda foi a modelo Yasmin Brunet. Ela contou aos fãs, pouco depois do desabafo da ex de Nego do Borel, que teve uma conversa com a jovem antes do anúncio do término do noivado. "Conversei com ela uma madrugada e tenho muita gratidão por ela ter me escolhido para dividir algo tão difícil", escreveu ela na publicação.

Fonte: R7

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